Os índios sateré-maué, que vivem na Amazônia brasileira, contam que, desde o início dos tempos, Sahu-watô, gerado do primeiro trovão que plasmou o mundo, ensinou-lhes o ritual de deixar-se picar pelas formigas tucandeiras, cuja picada é dolorosíssima.
Na véspera da festa que reúne a tribo, são localizadas as formigas vivas e, por meio de uma varinha, elas são forçadas a entrar num bambu, chamado tum-tum. No dia seguinte, prepara-se um recipiente cheio de água misturada com folha de cajueiro. Pouco a pouco, as formigas escorregam do tum-tum para o recipiente, onde ficam até serem colocadas numa espécie de luva.
O desafio
Com muita atenção, os insetos são colocados na luva, de forma a ficarem com o corpo totalmente paralisado, menos os ferrões. Quem se submete à prova, espera as instruções do chefe que decide o tempo da cerimônia, enfiando a luva na mão e no antebraço estendido do candidato. As picadas das formigas são imediatas e doloridas. A dança rítmica começa com os cantos e vai até o momento em que se tem certeza absoluta de que o candidato cumpriu a prova, demonstrando toda sua coragem.
Dor e cura
Com esse rito, o índio está certo de poder afastar as doenças e tornar mais forte o corpo e o espírito. Trata-se de uma cerimônia ligada à iniciação masculina: quem consegue superá-la pode ser admitido na comunidade dos adultos. Além disso, há também um aspecto propiciatório ligado às atividades agrícolas e à caça.
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