“São muito alvas e altas, com o cabelo muito comprido, entrançado e enrolado na cabeça. São muitos membrudas e andam nuas em pelo, tapadas as suas vergonhas, com os seus arcos e flechas nas mãos, fazendo tanta guerra como dez índios”.
As índias Amazonas, guerreiras do Nhamundá, eram altas, esbeltas, formosas, ágeis e corajosas. Moravam em casas edificadas em pedra, com portas e portões resistentes, tais como fortalezas. Manuseavam com extrema habilidade o arco e a flecha, protegendo seu povo com muita coragem e determinação. Não tinham maridos e viviam isoladas de homens. Raptavam machos nas tribos vizinhas para acasalamento, ficando com estes trabalhando em serviços pesados, até terem certeza de que estavam prenhas. Os filhos do sexo masculino ficavam em suas companhias durante o período de amamentação, sendo levados posteriormente para a aldeia do pai. Ficavam com as filhas fêmeas, as quais eram educadas no regime das Amazonas. Desde criança, o seio do lado direito das meninas era atrofiado com queima e outros processos que elas desenvolveram, para facilitar o manuseio do arco e flecha. Montavam em potros bravos, amansavam cavalos do mato com destreza para as lidas diárias e fiscalização dos seus territórios. Elas mantinham suas aldeias com muito trabalho e garimpagem de ouro e prata.
A Lua era a Deusa e protetora das Amazonas. O dia de lua cheia era intensamente festejado, com danças, cânticos e oferendas. As filhas de Jaci coroavam-se de flores e, num ritual místico, antes da lua atingir o ponto mais alto, conduziam potes com perfumes e derramavam no lago como gesto de purificação. Consideravam o lago como sagrado e espelho da lua. Quando a lua atingia o ponto mais alto no espaço, elas festejavam e mergulhavam no fundo do lago, trazendo um barro esverdeado. Moldavam essa argila, dando formas variadas, entre elas: rãs, peixes e tartarugas. A escultura tornava-se um amuleto, com interessantes formas, muito resistente, denominado muiraquitã. Penduravam no pescoço, certas da energia contra moléstias, desgraças e influências negativas.
Hoje, o Rio Nhamundá continua com o mesmo encanto, com a rara beleza do lugar, que um dia teve o privilégio de abrigar as formosas e encantadoras índias chamadas de Amazonas.
Autor: Carlos Antônio
O lado B da Lenda das Amazonas
É possível que elas existiram? Se sim, o que aconteceu com elas? Muitos se dedicaram á responde essa questão. Alguns encontram na tradição tupi, as amazonas na forma das icamiabas, mulheres que não concordaram com as leis propostas pelo herói-reformador Jurupari para sujeitar á mulher ao homem.
Em muitas etnias amazônicas, a mulher tem um papel importante, substituindo o homem em certas funções como a caça e a pesca. No entanto, notícias sobre uma tribo feito somente por mulheres guerreiras ficaram restritas ao período colonial. Pesquisadores encontraram outro nome para elas: Icamiabas ou “mulheres sem maridos”. Icamiaba também era o nome de um morro no Equador, mas verificou-se que ali não habitavam mulheres guerreiras.
Terá Carvajal inventado tudo isso? Essa é outra hipótese. No relato do frade aparecem menções á gigantes, assim como nos relatos posteriores também surgiram as figuras de monstros acéfalos, dragões, sereias, etc. O historiador Auxiliomar Ugarte trabalha com a hipótese de que a consciência do fabuloso e a perspectiva de explorar algo totalmente novo tenha confundido e muito seus primeiros exploradores.
Afinal, estamos falando de homens que ainda conviviam com um imaginário medieval, um imaginário fantástico. Carvajal interpreta esse novo mundo segundo o referencial de sua cultura. O historiador Antônio Porro acredita que Carvajal tenha confundido um povo, os Conduris, com as mulheres guerreiras, por causa de suas feições físicas e da região que então habitavam.
Afinal, estamos falando de homens que ainda conviviam com um imaginário medieval, um imaginário fantástico. Carvajal interpreta esse novo mundo segundo o referencial de sua cultura. O historiador Antônio Porro acredita que Carvajal tenha confundido um povo, os Conduris, com as mulheres guerreiras, por causa de suas feições físicas e da região que então habitavam.
As amazonas são parte, uma das mais importantes, do imaginário construído sobre a região. Um imaginário que enxerga nessa região tão enigmática e desafiadora ora o paraíso ora o inferno. Um imaginário que se modifica com os séculos, mas que mantém um certo traço essencial: a de uma natureza exuberante convivendo com um povo “selvagem” ou “inferior”.
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