A história da Praça 14 está intrinsecamente ligada à Revolução de 14 de janeiro de 1892, quando um grupo de revolucionários liderado por Almino Álvares Affonso, Leonardo Malcher e Lima Bacuri tentou tirar do poder o governador da época Thaumaturgo de Azevêdo, cujo principal motivo era a insatisfação popular, deveu-se ao fracasso da administração estadual, provocada pelo atraso do funcionalismo e fornecedores, dessa forma provocando uma grave crise que culminou com um rompimento até mesmo com o governo federal.
O conflito armado teve inicio em frente ao Palácio do governo na Praça D. Pedro II, onde funcionou a antiga Prefeitura Municipal de Manaus, nesta ocasião o soldado João Fernandes Pimenta, do Esquadrão de Cavalaria do Batalhão de Policia de Segurança do Estado, que guardava a entrada do Palácio de governo foi ferido no peito.
O movimento revolucionário terminou em 27 de fevereiro de 1892 com a renúncia do então governador Thaumaturgo de Azevêdo e, consequentemente a nomeação de Eduardo Ribeiro para Governo Estadual. Em homenagem ao soldado morto no processo, a Praça 14, tinha o nome de Praça da Conciliação, passou a chamar-se Praça Fernandes Pimenta, de acordo com a resolução de 05 de fevereiro de 1892. Este nome foi mudado a seguir, para a denominação de Praça 14 de janeiro com a referência à data revolucionária.
Na década de 40, a colônia dos portugueses residentes em Manaus solicitou à Câmara Municipal a troca de nome para Praça Portugal, solicitação essa deferida pelos políticos, porém não aceita pelos moradores do bairro que preferiram continuar com a mesma nomenclatura.
O Santuário de Fátima
A idealização de uma capela no bairro da Praça 14 começou no dia 13 de maio de 1939 com a celebração da primeira missa campal pelo Bispo Diocesano, Dom Basílio Pereira.
Naquela época, os moradores do bairro por não disporem de uma Igreja, se deslocavam até a Paróquia de São Sebastião para assistirem as celebrações religiosas.
O pároco Frei José de Leonissa, da Ordem dos Capuchinhos, interessou-se em construir uma capela dedicada à Nossa Senhora de Fátima, que atendesse aos fiéis do bairro. Para que esse objetivo fosse alcançado, dialogou com um rico comerciante local conhecido como Antônio Caixeiro, que demonstrou interesse à causa, doando um terreno para a construção da Igreja.
Essa igreja, em virtude de pequenos recursos foi construída em madeira e atendeu provisoriamente os moradores até meados de 1960. Hoje, no local, funciona a Casa Paroquial.
Entretanto, Frei José de Leonissa desejava construir um Santuário, que abrigasse maior numero de fieis. Novo terreno foi doado, desta vez pela Prefeitura Municipal, e a construção da atual igreja foi iniciada em 13 de outubro de 1942, com a ajuda filantrópica da Colônia Portuguesa residente em Manaus.
Em decorrência do despreparo operacional de firmas construtoras, a conclusão da igreja só ocorreu em 13 de outubro de 1975.
Um ano anterior a inauguração a Paróquia da Praça 14 se desmembrava definitivamente da igreja de São Sebastião, tendo sido nomeado como primeiro vigário o Padre Santo Roratto, da Ordem dos Padres Palotinos do Rio Garnde do sul.
O Berço do Samba em Manaus
O Bairro é considerado o berço do samba em Manaus – tradicional reduto da população negra originária de escravos migrados do Maranhão, que fixou suas raízes culturais contribuindo para produção e enriquecimento da consciência amazonense.
A Vitória Régia foi fundada em uma segunda feira, primeiro de dezembro de 1975 na Casa da “Tia” Lindoca, na rua Jonathas Pedrosa, Praça 14 de Janeiro,as 17:00. Seus principais fundadores foram “seu” Fernando, Chiquito, Zé Ruidade, a própria Tia Lindoca, entre outros, sendo estes descendentes de fundadores da tradicional Escola de Samba Mista da Praça 14. Detalhe: Nenhum fundador é vivo nos dias atuais (2014).
A escola realizava seus ensaios no pátio da casa da Tia Lindoca até 1988, às vezes em ocasiões especiais, na própria praça do Bairro. Em 1989 a escola ganhou sua quadra coberta, ao lado de uma igreja católica (Nossa Senhora de Fátima), na Rua Emílio Moreira. Desde então houve um movimento para o maior profissionalismo da escola, que sempre desfilava “gigante”, mas não ganhava nenhum título, desde 1980. Em 1990, junto ao então emergente Reino Unido da Liberdade, a escola voltava a vencer uma disputa.
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