segunda-feira, 25 de agosto de 2014

História do Bairro Praça XIV

A história da Praça 14 está intrinsecamente ligada à Revolução de 14 de janeiro de 1892, quando um grupo de revolucionários liderado por Almino Álvares Affonso, Leonardo Malcher e Lima Bacuri tentou tirar do poder o governador da época Thaumaturgo de Azevêdo, cujo principal motivo era a insatisfação popular, deveu-se ao fracasso da administração estadual, provocada pelo atraso do funcionalismo e fornecedores, dessa forma provocando uma grave crise que culminou com um rompimento até mesmo com o governo federal.
Jaqueirão
Jaqueirão
O conflito armado teve inicio em frente ao Palácio do governo na Praça D. Pedro II, onde funcionou a antiga Prefeitura Municipal de Manaus, nesta ocasião o soldado João Fernandes Pimenta, do Esquadrão de Cavalaria do Batalhão de Policia de Segurança do Estado, que guardava a entrada do Palácio de governo foi ferido no peito.
O movimento revolucionário terminou em 27 de fevereiro de 1892 com a renúncia do então governador Thaumaturgo de Azevêdo e, consequentemente a nomeação de Eduardo Ribeiro para Governo Estadual. Em homenagem ao soldado morto no processo, a Praça 14, tinha o nome de Praça da Conciliação, passou a chamar-se Praça Fernandes Pimenta, de acordo com a resolução de 05 de fevereiro de 1892. Este nome foi mudado a seguir, para a denominação de Praça 14 de janeiro com a referência à data revolucionária.
Na década de 40, a colônia dos portugueses residentes em Manaus solicitou à Câmara Municipal a troca de nome para Praça Portugal, solicitação essa deferida pelos políticos, porém não aceita pelos moradores do bairro que preferiram continuar com a mesma nomenclatura.
Praça 14 em 1952.  Foto: Correa Lima  Os números indicam o nome das ruas: Tarumã-2, Joaquim Nabuco - 5, Major Gabriel 4...
Praça 14 em 1952.
Foto: Correa Lima
Os números indicam o nome das ruas: Tarumã-2, Joaquim Nabuco – 5, Major Gabriel 4…

O Santuário de Fátima

A idealização de uma capela no bairro da Praça 14 começou no dia 13 de maio de 1939 com a celebração da primeira missa campal pelo Bispo Diocesano, Dom Basílio Pereira.
Igreja de Nossa Senhora de Fátima
Igreja de Nossa Senhora de Fátima
Naquela época, os moradores do bairro por não disporem de uma Igreja, se deslocavam até a Paróquia de São Sebastião para assistirem as celebrações religiosas.
O pároco Frei José de Leonissa, da Ordem dos Capuchinhos, interessou-se em construir uma capela dedicada à Nossa Senhora de Fátima, que atendesse aos fiéis do bairro. Para que esse objetivo fosse alcançado, dialogou com um rico comerciante local conhecido como Antônio Caixeiro, que demonstrou interesse à causa, doando um terreno para a construção da Igreja.
Essa igreja, em virtude de pequenos recursos foi construída em madeira e atendeu provisoriamente os moradores até meados de 1960. Hoje, no local, funciona a Casa Paroquial.
Entretanto, Frei José de Leonissa desejava construir um Santuário, que abrigasse maior numero de fieis. Novo terreno foi doado, desta vez pela Prefeitura Municipal, e a construção da atual igreja foi iniciada em 13 de outubro de 1942, com a ajuda filantrópica da Colônia Portuguesa residente em Manaus.
Em decorrência do despreparo operacional de firmas construtoras, a conclusão da igreja só ocorreu em 13 de outubro de 1975.
Um ano anterior a inauguração a Paróquia da Praça 14 se desmembrava definitivamente da igreja de São Sebastião, tendo sido nomeado como primeiro vigário o Padre Santo Roratto, da Ordem dos Padres Palotinos do Rio Garnde do sul.

Igreja de Nossa Senhora de Fátima
Igreja de Nossa Senhora de Fátima

O Berço do Samba em Manaus

O Bairro é considerado o berço do samba em Manaus – tradicional reduto da população negra originária de escravos migrados do Maranhão, que fixou suas raízes culturais contribuindo para produção e enriquecimento da consciência amazonense.
Vitória Régia foi fundada em uma segunda feira, primeiro de dezembro de 1975 na Casa da “Tia” Lindoca, na rua Jonathas Pedrosa, Praça 14 de Janeiro,as 17:00. Seus principais fundadores foram “seu” Fernando, Chiquito, Zé Ruidade, a própria Tia Lindoca, entre outros, sendo estes descendentes de fundadores da tradicional Escola de Samba Mista da Praça 14. Detalhe: Nenhum fundador é vivo nos dias atuais (2014).
A escola realizava seus ensaios no pátio da casa da Tia Lindoca até 1988, às vezes em ocasiões especiais, na própria praça do Bairro. Em 1989 a escola ganhou sua quadra coberta, ao lado de uma igreja católica (Nossa Senhora de Fátima), na Rua Emílio Moreira. Desde então houve um movimento para o maior profissionalismo da escola, que sempre desfilava “gigante”, mas não ganhava nenhum título, desde 1980. Em 1990, junto ao então emergente Reino Unido da Liberdade, a escola voltava a vencer uma disputa.

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