Existe uma ilha fantástica no Amazonas, localizada bem na entrada de Manaus, chama-se Ilha de Marapatá, ela é alcançável pela Zona Sul, e fica próxima ao Encontro das Águas. Alguns estudiosos dizem que este nome significa na língua Macua (tribo africana) alpendre (espaço coberto, reentrante, e aberto na fachada de uma casa, que dá acesso ao interior).
A ilha de Marapatá é conhecida como a Ilha da Consciência, segundo a lenda, a ilha é o limite da consciência do homem civilizado: quem sobe o Amazonas deixa a vergonha em Marapatá.
A lenda diz que aquele que passava por ela estava se anulando de suas raízes, se eximindo de sua identidade cultural, ou seja, suas raízes culturais, suas atitudes e comportamentos se modificariam com o lugar, perdendo a vergonha, a moral.
Este lugar é tema para muitos cientistas sociais e escritores, no que diz respeito a ética – falam que o interiorano com a sua peculiar “pureza” ou o forasteiro, antes de aportar em Manaus, deixa a sua vergonha na Ilha de Marapatá, tornando a cidade um lugar ideal para trapaças e crimes. Os empresários que teimam em construir o Porto das Lajes, deixaram a sua consciência (honradez, retidão e probidade) enterradas na ilha, aliás, desejam fincar os seus negócios bem na “ilharga” da ilha – no encontra das águas!
O escritor Euclides da Cunha, no seu livro “Terra Sem História” relata o seguinte: “À entrada de Manaus existe uma ilha, de Marapatá, que é o mais original dos lazaretos (que, ou aquele que tem pústulas, chagas) um lazareto de almas! Ali, dizem, o recém-vindo deixa a consciência”.
O também famoso Mário de Andrade, ao escrever Macunaíma, refere-se à ilha: ”No outro dia Macunaíma pulou cedo na ubá (canoa indígena) e deu uma chegada até a foz do rio Negro pra deixar a consciência na ilha de Marapatá, deixou-a bem na ponta dum mandacaru de dez metros, pra não ser comida pelas saúvas, voltou pro lugar onde os manos esperavam e no pino do dia os três rumaram pra margem esquerda do Sol”.
O saudoso poeta Aníbal Beça e o compositor Armando de Paula fizeram uma linda canção chamada “Marapatá”, a letra é assim:
Que doce mistério
Abriga teu dorso
De ilha afogada
No curso das mágoas?
O Velho Bahira
Se mira nas águas
Espelho da lua
Narciso nheengara
É Marapatá, porta de Manaus
É Marapatá, patati patatá
Que mana maninha
Que dança sozinha
Savana de seda
Pavana de cio
Capim canarana
Bubuia banzando
Canção enrugada
Banzeiro de rio
Vá logo deixando
Senhor forasteiro
A sua vergonha
Em Marapatá
Vergonha se verga
Na cuia do ventre
No V da ilhargas
Vincando por lá
Cunhã se arretando
Tesão de mormaço
Abrindo as entranhas
A flor do tajá
E o macho fungando
Flechando, fisgando
Mordendo a leseira
Dizendo:”Ulha já!”
Abriga teu dorso
De ilha afogada
No curso das mágoas?
O Velho Bahira
Se mira nas águas
Espelho da lua
Narciso nheengara
É Marapatá, porta de Manaus
É Marapatá, patati patatá
Que mana maninha
Que dança sozinha
Savana de seda
Pavana de cio
Capim canarana
Bubuia banzando
Canção enrugada
Banzeiro de rio
Vá logo deixando
Senhor forasteiro
A sua vergonha
Em Marapatá
Vergonha se verga
Na cuia do ventre
No V da ilhargas
Vincando por lá
Cunhã se arretando
Tesão de mormaço
Abrindo as entranhas
A flor do tajá
E o macho fungando
Flechando, fisgando
Mordendo a leseira
Dizendo:”Ulha já!”
É isso aí, manos e manas da nossa aldeia! Vamos mudar – nada de deixar a consciência na Ilha de Marapatá!
Vamos fazer uma bela Manaus, com homens retos, probos, visando sempre ao bem comum e, o respeito pela mãe natureza.
Do jeito que está – não dá para ser feliz, Marapatá!
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